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domingo, 24 de outubro de 2010

Do nome Ana Mara


Rasga esses versos que eu te fiz!
Deita-os ao nada, ao pó ao esquecimento,
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento,
Que a tempestade os leve aonde for!
Rasga-os na mente, se os souberes de cor,
Que volte ao nada o nada dum momento.
Julguei-me grande pelo sentimento,
E pelo orgulho ainda sou maior!... (Florbela Espanca)
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Devagar...
Preciso pensar no que dizer,
E elencar tuas qualidades raras:
Ser bela, palhaça, inteligente e portátil.
E escondê-las em versos
Onde incólume se faça teu ser pulsátil.
Às vezes difícil, etcétera e chata,
Mas não quero aqui expor reclamações alegres,
Nem comprar briga cara.
Quero apenas criar um pequeno poema,
Que tenha por título: Ana Mara.
Sei que com ele não lhe trago estética
E nenhuma bela poética.
O que lhe ofereço é apreço,
Que se esvaem em versos brancos, baratos, brocardos.
Mas sinceros...
De carinho repleto.
E por ser pequeno
Não mais me estendo.
Já tenho sono que consome
Por entre uma noite que esconde o lume.
Peço apenas desculpas por tão pobre poema,
Levar teu tão exuberante nome.
(Víctor Sousza)

sábado, 16 de outubro de 2010

Da alma


Em uma terra em que tudo se forja,
Em que se dá nó em fumaça.
Onde só é gente quem tem força.
Desabafo não por graça.
Escrevo não por tédio,
Mas, por raiva.
Pois repulsa-me os trocados que trago comigo
Ao ver olhos implorarem por vida
E a morte edificar seu trono.
Ontem percebi uma criança a chorar por fome.
De tão magra vi também a alma.
Comovi-me àquele abandono.
Meus sentidos corroeram àquele desespero,
Minhas atitudes paralisaram em pena. (Víctor Sousza)