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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Inverso


Quero o mais estéril dos sonetos,
Dos sentidos o mais árido e duro,
Um cataclismo de cianureto
No mais diminuto e ressequido dos futuros.

Quero desafiar o alótropo do carbono─ o preto,
A dissimular um poema obscuro,
Que seja tão desprezível como um inseto
E como infante totalmente inseguro.

Quero cuspir nos últimos tercetos,
Relegando a maturidade dos próximos versos
(Desprezo, por assim dizer, os préstimos do carbureto);

Que sob os lampejos de Aldebarã imersos,
Não desejo nada além do obsoleto.
Dessa ode negra só espero o inverso.

(Víctor Souza- 11/06/2014)