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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Da Mudança


E eu que gostava do não gostar.
Acabei amando, amor!
Alvitrando o teu olhar que a mim pousa terno.
Fazendo do teu esquecimento o meu rubro inferno.
Temo que você morra em mim, amor.
Como morre todo verão após nascer cada inverno.
Sei que foram poucas as noites de intensa ventura.
(Então, como posso gostar-te tanto?)
Mas que isso não seja desculpa para minha torpe cura.
Se elas foram poucas
Sugiro que até a chuva mais intensa pouco dura.
Basta lembrar-se de quando saímos ávidos de vontades,
Sentindo o cheiro de pele, de corpo.
De rastro de consumação depois de tantos copos.
Enquanto nos dopávamos entre Bob Dylan, Aerosmith e tantos outros.
O que me resta agora são lembranças,
Que se exasperam em meio às traças,
Não há nenhum frenesi, tão pouco um beijo.
Apenas esse exaurido amor que a mim lança,
Refazendo-se na inconsciência brutal do meu desejo.
Sem palavra que console, nem silêncio que respeita o pejo.
E eu que não gostava do não gostar.
Sinto a extrema necessidade de dizer:
Que acabei te amando [...] 
(Víctor Sousza)

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